quarta-feira, 20 de julho de 2011

Só por Deus

A gente leva a vida topando com cada situação que só por Deus! Hoje pela manhã - depois de passar a noite toda com uma tremenda dor na minha perna esquerda - resolvemos fazer o exame de sangue solicitado pelo médico. A intenção era declarar paz com meu organismo e buscar solução para as inúmeras dores de articulação. Bem, mas isto é uma questão de velhotice - DNA - faixa etária ... Deixemos isto para uma outra discussão.

O fato é que, paramos o carro em frente ao laboratório, do outro lado da avenida, e com a perna superdolorida, quase que com grande sacrifício, saí do carro para ir fazer os exames. Neste momento, me senti uma baleia, sendo resgatada na praia - tamanha foi a dificuldade. Com toda a paciência,o Beto esticou o braço em prontidão e me amparou carinhosamente e só afroxou seu abraço, depois que atravessamos as duas vias da avenida. Foi acolhedor, eu confesso.

Bem, do outro lado uma triste surpresa. Havia um senhor de meia idade caído na calçada. Alguém gritava - chama a ambulância. Liga para 192. Uma mulher gordinha e de sombrinha, andava de um lado para outro - penso que seu equipamento de proteção solar a atrapalhava, mais que a ajudava.

Frente a toda aquela agitação, o Beto segurou fortemente na minha mão - e quase cochichou - não há nada a fazer - havia muitas pessoas em volta ao senhorzinho que agora se debatia e espumava muito. Isto foi o que eu, com muito sacrifício, consegui me curvar e espiar por entre as pernas da multidão.

Garantimos o exame . Tudo deu muito certo. Quando saimos de dentro do laboratório, a vida lá fora já estava calma. O transito voltou a circular. As pessoas caminhavam rapidamente, tudo voltava ao normal.

Duas quadras dali, já retornando para nossa casa, nos deparamos com o mesmo homenzinho, sentado em uma destas paradas de ônibus, com algumas cédulas de dinheiro na mão, contando-as. Certamente, estava a espera do lotação. Tudo parecia normal. Sem mal-estar, sem crise nenhuma. Contrariamente, aparentava saúde.

Tem cada uma que só por Deus!

É isso.


Eleni Gentil Amaral

















FAMÍLIA - O QUE O FUTURO NOS RESERVA?

Sabem aquela pasta cheia de recortes e artigos de jornal e revista antigos que você os coleciona com carinho. Então, são estes. Em uma limpeza em minhas prateleiras, me deparei com um que, de cara, sentei para ler. Diziam assim: “Brinco é coisa de homem” (Revista Veja, de novembro de 1994).
Devido ao antagonismo procedente, resolvi dedicar mais tempo que o necessário para uma leitura mais reflexiva. Registrava opiniões de um engenheiro mecânico e representante comercial, morador em Brasília – DF, em que proclamava um basta nos preconceitos tolos.
Defendia que a turma que dissemina a idéia de que “quem usa brinco é gay” não tem mesmo bom senso. E disse mais: brincos são meramente adereços que há séculos são usados por ciganos, piratas, índios e outros tipos cuja virilidade não pode ser colocada em dúvida.
Continuou com veemência a buscar argumentos para sua conduta – como um pedacinho de metal penetrado na orelha, poderá definir a sexualidade de alguém? Concluiu sua tese de defesa, lamentando que o brasileiro sempre foi machista e que seu maior desejo é poder usar brincos em paz, sem ficar ouvindo os gracejos e insinuações que coloquem em questão sua masculinidade.
Como se vê o que mudou no comportamento humano nestes dezesseis anos em que este artigo foi publicado? O que diria este defensor dos direitos humanos sobre as relações afetivas dos homossexuais? Do direito por Lei da união estável homoafetiva como um núcleo familiar? Lembrando que, esta ultima, é a quarta família brasileira e forma como o Supremo Tribunal Federal conceitua família, além das demais uniões que já conhecemos: a decorrente do casamento, a união estável – sem legalização e a entidade familiar monoparental – quando um dos cônjuges assume a guarda dos filhos.
A verdade é que o mundo está de cabeça para baixo: penso que há muitos valores invertidos. Como explicaremos para nossos filhos o conceito de família? Como seguir os preceitos religiosos que dizem “casai e multiplicai-vos? A família é a base de tudo. A educação vem de berço - consignada com as orientações que damos aos nossos filhos – em relação ao respeito ao próximo, valores, a formação ética e cidadã e ao convívio social.
O que poderemos esperar desta instituição FAMÍLIA, daqui a duas décadas? Vale à pena, aproveitar seu “happy hour” para pensar consigo mesmo, e com os as pessoas que amamos – o que o futuro nos reserva!