O telefone toca. Atende-se. Já tem alguém na porta da sala do Setor de Orientação, abanando a mão aflita, pois precisa falar. É urgente! A OPE sentada na ponta da cadeira, pronta para levantar, mas não consegue encerrar a conversa por telefone. São muitos questionamentos do pai no outro lado da linha, que reclama dos óculos quebrados na sala de aula e que é um objeto caro, e precisa saber quem vai pagar o prejuízo. O professor sentado diante da mesa, meio que sem ação, afinal a OPE estava dando-lhe um feedback da aula observada. De repente, entra a professora de Português, com o aluno indisciplinado, fala asperamente com ela, e irritada com o comportamento do aluno que pela décima vez não traz o livro, e não faz as atividades da sala, pedindo providências da OPE, sugerindo, diante mão, que chamasse os pais do aluno e que fosse suspenso das aulas por três dias.
Atribuições: intencionalidade planejada
Situação inusitada? Não. Lembro-me da canção de Raul Seixas: “Pare o mundo que eu quero descer”. Esta é a rotina fiel do trabalho deste profissional que busca equilíbrio em suas ações diárias. As tarefas são muitas. Organizar uma sequência de atividades, priorizar situações, definir ações, lidar com limites. O trabalho da OPE deve ser pautado na intencionalidade planejada e passivo de alguns imprevistos. Não se pretende, aqui, listar as inúmeras atribuições deste profissional, pois se pretende utilizar a oportunidade para refletir os avanços e aspectos que podem ser melhorados na função.
Uma das atribuições mais importante e, ao mesmo tempo, crucial no trabalho da OPE pertence ao aspecto da gestão curricular. Gerar relação recíproca entre professores e cooperações interdisciplinares e promover possibilidades do corpo docente construir, de forma autônoma, outras propostas que vão além do currículo definido.
Entende-se por reciprocidade e cooperação o trabalho interdisciplinar. É mister garantir entre os componentes curriculares um trabalho que resulte na formação do aluno como um todo. Não somente garantir que o aluno seja formado em Matemática ou, que seja um bom historiador. Aqui valeria com profundidade um estudo sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas, em que Howard Gardner mostrou que todos os seres humanos possuem diferentes tipos de mente e que pais e professores podem tornar possível uma educação personalizada, destacando que na imensa diversidade que existe em cada um, deve se solidificar-se a certeza de que nenhum ser humano é perfeito em tudo, mas todos, absolutamente todos, possuem potencial de grandezas diversas, forças pessoais que devidamente reconhecidas coloca uma nova linha educacional a serviço integral do desenvolvimento humano e da extrema grandeza de singularidade de sua mente.
A base do trabalho do professor é o referencial curricular para planejamento de suas aulas. Este aspecto reflete o acompanhamento do processo ensino-aprendizagem. Observar a compreensão do professor, diante da proposta curricular da escola. Esta ação, bem estruturada, resulta no bom rendimento dos alunos no avanço do processo da aprendizagem.
Mediador da escola – atua para administrar diversos pontos de vista
O papel da OPE tem dupla atribuição. Possui duas frentes de atuação no cargo: pedagógico e educacional. O pedagógico garante o cumprimento do planejamento das aulas baseado na proposta curricular, suporte formativo dos professores, avaliações, projetos, feiras e mostras culturais, estudos do meio, planejamentos coletivos e individuais, recuperação paralela e coletiva entre outros. Já o educacional faz a ponte entre o professor, aluno e pais. Esta mediação deve ser feita e construída com base na confiabilidade, no respeito e na intenção de formar uma sólida parceria entre família e escola.
No tocante aos pais, cabe aqui ressaltar que, cabe na rotina da OPE, levantar as necessidades dos pais para estudos, palestras e esclarecimentos, auxiliando no processo integração escola – família e comunidade.
Sabe-se que o OPE juntamente com os professores e toda equipe escolar que constroem uma escola de qualidade. No entanto, há que se enaltecer o papel do OPE, definido como coordenador pedagógico. No cotidiano escolar, o coordenador pedagógico desempenha uma função que poderíamos afirmar que hoje é quase insubstituível. A sua importância no universo escolar dá-se pelo fato de ser ele o articulador, o mediador das relações pais/professores/alunos/direção evitando o desgaste que possa vir a acontecer entre esses pólos que fazem parte da escola. Esse trabalho é por si só complexo e essencial, uma vez que busca compreender a realidade escolar e seus desafios, construir alternativas que se mostrem adequadas e satisfatórias para os participantes, propor um mínimo de consciência entre as ações pedagógicas, tornando-as solidárias e não isoladas ou em conflito uma com as outras. (GARRIDO, 2002).
Nenhum comentário:
Postar um comentário