Nestes últimos dias, sem causa aparente eu me fiz uma pergunta: o que é conhecimento? Bem, conhecimento? Conhecimento é tudo o que se sabe. Será?
Para não errar, fui pesquisar e lá encontrei que conhecimento é a capacidade, adquirida por alguém, de interpretar e operar sobre um conjunto de Informações. Essa capacidade é criada a partir das relações que ele estabelece sobre o conjunto de Informações, e desse conjunto com outros conjuntos que já lhe são familiares (incluindo experiências, impressões, valores, crenças, etc.), que lhe permitem compreendê-lo e tirar conclusões sobre ele e a partir dele.
Nossa, acharam convincente, complicado, confuso, complexo?
Não sei, só sei que nada sei.
Mas há outro ponto importante a considerar: para dar tempero ao nosso conhecimento é preciso ter imaginação. Esta imaginação não nasce do nada. Ela explode, borbulha, aflora ou salta do nosso cérebro. É preciso dar vazão, é preciso carimbar seu bilhete, autorizando esta viagem imaginária. No estilo pegar carona nesta asa de cometa, neste balão mágico.
É meus queridos, a imaginação é mais importante que o conhecimento, como nos ensinou Albert Einstein, confirmando a pequena crônica, Os dois velhinhos, de Dalton Trevisan que diz assim:
Dois pobres inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo.
Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia olhar lá fora.
Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, anunciava o primeiro:
— Um cachorro ergue a perninha no poste.
Mais tarde:
— Uma menina de vestido branco pulando corda.
Ou ainda:
— Agora é um enterro de luxo.
Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. O mais velho acabou morrendo, para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela.
Não dormiu, antegozando a manhã. Bem desconfiava que o outro não revelava tudo.
Cochilou um instante — era dia. Sentou-se na cama, com dores espichou o pescoço: entre os muros em ruína, ali no beco, um monte de lixo.
(Texto extraído do livro "Mistérios de Curitiba", Editora Record — Rio de Janeiro, 1979, pág. 110.)
Qual a moral da história? Não tem moral. Ela pode ser até imoral!
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