terça-feira, 6 de julho de 2010

Liberdade e Felicidade

Saltei da cama, hoje bem cedo, com a doce intenção de aproveitar o dia. Segui à risca a expressão latina : Carpe Diem! Estou em férias: sem horário, sem compromisso, sem agenda, sem coração apertado por deixar pessoas esperando, com tempo sobrando, com mil idéias borbulhando dentro de mim!

Com todo este universo de prazer, eu me pergunto: O que vou fazer com esta tal liberdade? Ou melhor, é o pensamento de Clarice Lispector: “Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda, não tem nome”. (Perto do Coração Selvagem).

Liberdade, abre as asas sobre nós! É assim que começaremos esta terça-feira pela manhã. Mas uma dúvida me assola. De que liberdade, estou falando? Olhemos ao nosso redor e vejamos o que temos feito por nós e pelo nosso semelhante. Será que temos amado a tudo e a todos, acima de todas as mesquinharias da vida? Temos buscado a simplicidade, a alegria de viver, o fazer ao outro, voluntariamente, sem esperar nada em troca ou conseguir uma alegria já catalogada, planejada, ou ressarcida?

Sabemos que a cada dia nós nos renovamos. Viramos a página da vida com a certeza de construir um dia melhor. Corrigir os planos de voo. Ser menos egoístas. Aprender com as boas ações. Prestar a atenção no olhar e no sorriso das pessoas. Compreender e exercitar a paciência. São elementos imprescindíveis para convivência entre os homens que comungam a paz.

Certo dia, pela manhã na escola, resolvi me posicionar no meio do pátio e observar as crianças com seus gritinhos alegres a brincar. Observei o quanto a hora do recreio era o momento esperado por todos. Com certeza contavam os minutos para aquele tempinho de delírio entre elas. Uns certamente, buscavam brincar. Brincadeiras: de cordas, corre-corre, jogos de botões, atividades já planejadas e dentro do projeto “A Hora do Recreio”. Outros, esperavam salivando pela merendinha do dia. Não importa. Os vinte minutos eram de muita adrenalina!

Senti um abraço bem suave pela cintura. Quebrou todo meu pensamento neste momento. Uma vozinha quase rouca susurrou: “meu pai morreu”. Quase não entendi a frase. Ela repetiu: meu pai morreu, porque eu dormi e não esperei por ele.

Naquele momento, senti a situação conflituosa que aquela criança estava vivendo. O pai não havia partido, porque ela não o havia esperado. Depois de conversar com a garotinha, e visivelmente, observar, parece que ela se convenceu de que a morte vem, independente, da ação outro. Principalmente, porque foi uma fatalidade.

É assim. A vida tem destas coisas místicas! Segundo, Quintana, a felicidade está diante de nós, o que precisamos é estar bem.

DA FELICIDADE
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!


Um grande abraço,
Eleni Gentil Amaral

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